domingo, 27 de abril de 2014

Tão normal

Então te vejo e tenho vontade de dizer: ei, sabia que Don Juan - em alguma obra literária de algum autor - se matou quando descobriu que nunca conseguiria amar alguém de verdade? Você provavelmente riria e tentaria se aproximar dos meus lábios. Eu viraria pra dizer: é sério, ele se matou porque só conseguia mulheres através da sedução. Aí você se afastaria, porque falar demais te distrai. Eu ainda continuaria: sabia que existe um complexo que se chama donjuanisno? Consiste na ideia de homens, mulheres e gays que são apenas conquistadores hedonistas, ou seja, quando conquistam a pessoa desejada, toda a graça e prazer se esvaem. Será que você entenderia que, talvez, tudo isso fosse apenas para explicar a minha recusa e resistência?

Aí eu ia falar sobre o amor pela mãe, ou melhor, o complexo edipiano que essas pessoas têm. Afinal, elas não conseguem constituir família e acabam vivendo para sempre no lar materno. Isso pra verificar se você reagiria ou se identificaria. Se sim, iria falar sobre os sentimentos possivelmente homossexuais que os detentores desse complexo possuem. Essa parte seria só pra te irritar. Você se irritaria. Mas ainda chegaria perto, pra dizer no meu ouvido todas as coisas que você sempre diz, naquela velha tentativa de conseguir o que, aparentemente, deseja tanto. Mas, que pena, agora eu já te diagnostiquei: você tem complexo de Don Juan. Eu te diagnostiquei, veja só, logo eu, que sou tão normal e não tenho complexo nenhum.

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