Então te
vejo e tenho vontade de dizer: ei, sabia que Don Juan - em alguma obra literária
de algum autor - se matou quando descobriu que nunca conseguiria amar alguém de verdade?
Você provavelmente riria e tentaria se aproximar dos meus lábios. Eu viraria
pra dizer: é sério, ele se matou porque só conseguia mulheres através da
sedução. Aí você se afastaria, porque falar demais te distrai. Eu ainda
continuaria: sabia que existe um complexo que se chama donjuanisno? Consiste na
ideia de homens, mulheres e gays que são apenas conquistadores hedonistas, ou
seja, quando conquistam a pessoa desejada, toda a graça e prazer se esvaem.
Será que você entenderia que, talvez, tudo isso fosse apenas para explicar a
minha recusa e resistência?
Aí eu ia
falar sobre o amor pela mãe, ou melhor, o complexo edipiano que essas pessoas têm.
Afinal, elas não conseguem constituir família e acabam vivendo para sempre no lar materno. Isso pra verificar se você reagiria ou se identificaria. Se sim, iria
falar sobre os sentimentos possivelmente homossexuais que os detentores desse
complexo possuem. Essa parte seria só pra te irritar. Você se irritaria. Mas
ainda chegaria perto, pra dizer no meu ouvido todas as coisas que você sempre
diz, naquela velha tentativa de conseguir o que, aparentemente, deseja tanto. Mas, que pena, agora eu já te diagnostiquei: você tem complexo de Don Juan. Eu
te diagnostiquei, veja só, logo eu, que sou tão normal e não tenho complexo
nenhum.